A zaramagunyon - OTURA TIYU
Na terra de Koiye, havia uma lagoa muito negra e profunda, rodeada de densas florestas. Nela vivia um espírito muito forte que tinha a forma de uma Obiní (mulher). Um pássaro muito sagaz, chamado Oglubun – um grande pescador – havia se apaixonado por essa divindade, esse Imolú Oluní.
Oglubun passava o dia inteiro pousado na raiz de um mangue, que ficava à beira da lagoa, esperando sempre que seu eterno amor aparecesse para que pudesse raptá-la.
Como ela nunca aparecia, ele descia ao fundo do poço escuro para buscar com seu bico os preciosos peixes daquela lagoa.
Um dia, Orunmila aceitou passar por ali. Ele viu Oglubun fazendo aquilo e lhe disse que não era conveniente para o seu prestígio. Oglubun pediu a Orunmila que fizesse uma adivinhação, e este lhe viu o Ifá Otura Tiyú.
Orunmila lhe disse que o seu amor era impossível, que ele sempre sofreria desenganos. Mas, para que ele conseguisse ser rei, teria que alimentar o mangue onde ele pousava e assim não precisaria mais descer ao poço para buscar seu sustento.
Oglubun duvidou da palavra de Orunmila e, por isso, ficou sem a coroa, esperando seu eterno amor e descendo constantemente ao poço negro da lagoa para buscar os peixes do seu sustento.